segunda-feira, agosto 22, 2011

Mês do Folclore!! Zé Filé também tem suas aventuras neste mês!



Como é mês o folclore, coloco em primeira mão aqui no blog uma aventura do Ze Filé, o cachorro mais esperto da cidade. Confiram!!!

Zé Filé e o boi de mamão – vol 13
 Por Dani Garcia
1.
Se você já ouviu falar do Zé Filé, sabe bem que muitas crianças e adultos aprenderam alguma lição com suas aventuras. Se não conhece, vai conhecer. Esse cão de rua esperto e aventureiro sempre foi amante da natureza e defensor da reciclagem e adora freqüentar escolas para ensinar as crianças e conseguir umas balinhas.
Mas naquele dia de agosto, o ano nem me lembro qual foi, Zé Filé viveu uma das experiências mais engraçadas de sua vida. E olha que ele enfrentou muitas e muitas aventuras.
2.
As crianças estavam alvoroçadas na escola. Uma movimentação diferente era notada por todos e Zé Filé não podia deixar de conferir o que estava acontecendo. Alguns ônibus chegaram trazendo muitas crianças de outras redondezas para aquela escola, pertinho de onde Zé Filé dormia.
Algumas crianças chegaram com uniformes, outras com algumas fantasias diferentes e coloridas. Zé Filé ficava cada vez mais curioso para saber o que iria acontecer ali. Ele, Pretinho e Marrom, seus irmãos filhotes, não poderiam ficar de fora desta festa já que, com certeza, sobraria alguma guloseima.
3.
Quando o quarto ônibus chegou com os alunos, os três cães decidiram aproveitar a concentração de crianças no portão da escola e deram um jeitinho de entrar rapidamente. Eles sabiam muito bem onde se esconder até que tudo começasse, afinal, não era a primeira vez que burlavam a portaria e entravam para dar uma espiada na escola.
Lá dentro, se meteram no meio da criançada e, por debaixo das cadeiras, conseguiram chegar bem pertinho da quadra, onde todos estavam reunidos. Bem quietos, resolveram esperar para saber o que aquelas crianças estavam fazendo ali.
4.
Não demorou e a música animada começou. As orelhas de Pretinho e Marrom se arrebitaram e a curiosidade ficou ainda maior. Zé Filé nem ficou assim tão interessado, mas permaneceu ali para cuidar dos irmãos, ainda muito levados.
Só que não foi só a música que encantou os dois filhotes. No meio da quadra, alguns personagens começaram a aparecer. Primeiro, um grupo de homens com tambores, violão e pandeiros. Depois, dois ou três casais animados e vestidos com muita cor começaram a dançar, rodando por toda a quadra. Até aí, a criançada apenas aplaudia e os três cães de rua apenas observavam atentos.
5.
O que os três não esperavam era a surpresa que estava por entrar. Primeiro, um bicho esquisito, parecido com um cavalinho, entrou segurado por um menino. Dançou e dançou, pra lá e pra cá. Depois, um macaco, uma onça e dois bonecos gigantes com mãos balançando animavam a criançada. Logo em seguida, uma espécie de boi entrou na brincadeira e também rodopiou pelo salão. Disseram que era o boi de mamão.
Pretinho e Marrom se animaram e foram mais perto da pista, quase participando da brincadeira. Latiam muito, quase compassados com a música. A criançada começou a gozação. Pretinho e Marrom então se empolgavam ainda mais. Zé Filé ficou preocupado, de orelhas em pé, porque sabia que os dois não agüentariam ficar de fora daquele alvoroço.
6.
Dito e feito. Não demorou muito e Pretinho e Marrom foram para o meio da pista, no meio dos animais esquisitos que dançavam na brincadeira. Zé Filé latia para os dois voltarem, mas não teve jeito. A criançada estava numa alegria só e os dançarinos até ficaram contentes com as brincadeiras dos dois filhotes. Zé Filé estava tão compenetrado nos irmãos que não percebeu quando um bicho grande de pano, colorido, bem comprido e de bocas grandes entrou na quadra. Foi a gota d´água.
7.
 O bicho, que uns conheciam como bernunça outros como barão, entrou na brincadeira e com seu grande bocão engoliu os dois filhotes. Zé Filé não conhecia a brincadeira e então não percebeu que era apenas uma boca falsa e que logo os filhotes sairiam do pano. Partiu para cima do boneco e começou a confusão. Os dançarinos puxavam daqui, Zé Filé puxava dali e a criançada até rolava de tanto rir.
Os professores entraram na confusão para tentar agarrar Zé Filé, que estava estragando as fantasias e a brincadeira. A força de Zé Filé foi tanta que parte da bernunça se rasgou e duas ou três crianças saíram de dentro, correndo de medo do cachorro. Nessa hora, Pretinho e Marrom também saíram de dentro da falsa boca do bicho. Pareciam até felizes com a brincadeira.
 8.
Zé Filé latiu para os dois filhotes e os três saíram correndo dali, com os professores e os integrantes do grupo correndo atrás deles. Daquele dia em diante, Zé Filé fez duas promessas para si mesmo. Primeiro, não poderia mais levar Pretinho e Marrom para eventos com muita criança, já que sempre queriam se aparecer. Outra promessa era ficar longe daquele  bicho grande esquisito, que parecia de outro mundo, só dançava, e ainda comia cachorros e criancinhas.

segunda-feira, julho 04, 2011

O passar do tempo



Tem dias que o tempo
Insiste em não passar.
Pelas ruas da aldeia
A vida refaz os percursos
Os rios mudam de curso
Para o sonho eternizar.
E não há razão para correria!
Estamos todos a embarcar
Em comboios, aviões
Em ciclos, caminhões
Vamos em livros, em sonhos.
Nossos passos e encantos
Vamos levando aos prantos
Até o momento de reviver.
Rever os amigos
Rever os antigos
Rever as vidas
Os entrelaços de amor.
O medo de toda a dor
Que podemos rememorar.
Mas assim é a vida
Assim é o tempo de aqui passar.
Que ele passe então mais leve
Pelo menos quando aí estiver
Para que o reencontrar
Se torne um suspiro
Uma alegria, um amor profundo.
E no coração, lá no fundo
Na aldeia de todo mundo
Enfim, eternamente estar.

quinta-feira, abril 07, 2011

Cem razoes para amar



Se eu não tivesse
mais do que cem razões para amar,
amaria sem ter razão
amaria simplesmente por emoção.

Se minhas razões
ficassem sem ter o que falar,
amaria sem pronunciar
amaria só por amar.

Se minha alma de criança
não pudesse mais contemporizar,
amaria sem tempo nem espaço
amaria solta no ar.

Se meu desejo insano
deixasse de se revelar,
amaria sem ter desejos
desejaria não te amar.

Se meu corpo morresse agora
com um grito preso na garganta,
amaria feito criança
alma solta na tua eterna lembrança.

sábado, março 19, 2011

Com licença poética

Na noite de sexta-feira, dia 18, a Amark fez seu primeiro Sarau pelo dia da Poesia (dia 14). Estavam presentes no Restaurante da Terezinha os escritores e amantes da literatura Claúdio Bersi de Souza, Jaime Schmitt da Luz, Adriana de Souza, Luiz Garcia, Iria Schnaider, Nilton Floriano, Helena Liedl, Cleonice, Irene, Francisca, Terezinha, Thérbio e eu. Escolhemos o novo perfil da Tia Bilica (personagem do Gilberto) e comemos uma gostosa 'galinhada'. 


Depois, o principal, o Sarau de Poesias com a presença (não física) dos poetas Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Alcina Figueredo, Vinícios de Morais, Mario Lago e Ivone Pires. Poesias pra encantar! Faltou tempo para lembrar muitos outros poetas e poetisas. Abaixo, apresento outra que gosto. Uma mineira guerreira que se inspira no próprio cotidiano para escrever lindamente. Com vocês, Adélia Prado.
Com Licença Poética
 Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
(Adélia Prado)

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Passar do Tempo


Ah ! se houvesse tempo
E espaço e corpo
E sol e as estrelas.
Ah! se houvesse vontade
Fôlego e coração
Para desvendar os segredos
De tudo o que nos cerca
De tudo o que nos força
A subir e descer.
Ah! Se houvesse gente
Mente e direção
Para dar as mãos
Segurar os pés
Alçar os vôos sem nossas asas.
E se tudo houvesse
E eu não estivesse aqui?
Ficaria sem graça
Sem jeito e de pirraça
Cantaria a desgraça
De ver tudo passar.
De ter tudo e não usar
De apenas reclamar.
Por isso aqui estou
Com tudo e sem nada
Mas a mente satisfeita
A casa refeita
A espera do desabrochar.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Minhas Mãos


Minhas mãos descansam
por um minuto
Da correria da vida,
Da pressa do tempo…
Mas não se cansam da lida!
Não querem  pintar e escrever a vida
De quem não merece uma linha.
Querem
Uma mão amiga
Para tocar com prazer,
Para entrelaçar o querer,
Para nunca mais afastar.
Minhas mãos
Querem esperar pela poesia
Que brota do coração
Enfim… pegar o pincel
E no papel, o instante eternizar!
Como poesia pintada
Marcada de alegria
Banhada pela magia
De meu recomeçar.

(Esta poesia é parte do livro que escrevo em parceria com a artista plástica portuguesa Maria Garcia. O quadro é dela)