terça-feira, julho 03, 2018

O que é uma boa ação?




Desde pequena, escuto em casa a ideia de que é preciso, sempre que se puder, fazer uma boa ação a alguém. Mas, a gente constantemente se pergunta: o que é uma boa ação? Quando bem pequena, uma das lições que aprendi com a minha mãe (e talvez tenha sido a última dela viva) foi que: era preciso comer tudo do prato, não desperdiçar comida nem reclamar do que se tem, porque muita gente gostaria de ter o que a gente tinha. Ela me mostrou isso, e eu aprendi vendo. E isso se tornou pra mim uma forma boa ação, ser grata pelo que se tem e ainda não desperdiçar, ajudando a minha família.

Há, no nosso dia-a-dia, muitos mestres da boa ação escondidos na rotina de nossos dias, invisíveis na correria do dia-a-dia. Por isso, agradeço todos os dias ter que andar a pé pra lá e pra cá. Tá bom, nos dias de chuva não agradeço tanto assim (hehehe)... mas deveria. É nesse trajeto todos os dias que aprendo muito. É só querer perceber.

Hoje, um senhor do meu bairro passou por mim de bicicleta numa velocidade razoável. Logo à frente, ele retornou e parou ao meu lado dizendo: “tem gente que é maldosa, né?” De certa forma me assustei. Parei para entender melhor o que ele dizia. Ele desceu da bicicleta e começou a afastar todos os enormes pregos que tinham jogado no asfalto. Com simplicidade ele disse: - “Isso é um perigo. Se o carro passa, os pregos levantam e furam todo o pneu”. Concordei e disse a ele que eu nem tinha notado os pregos ali. E não tinha mesmo! Mas, se tivesse notado, teria eu tirado?

O senhor fez uma grande boa ação. Na hora pensei que ele poderia estar mesmo era protegendo-se de passar ali e também furar o pneu da bicicleta. Logo, porém, refiz meu pensamento. E daí se ele tivesse pensando em si? Por certo não estava, porque já tinha passado. Ele voltou e pensou nos outros que poderiam passar e também se prejudicar. Fez uma boa ação. Outro dia, uma amiga teve o pneu furado justamente por um prego desses. Agradeci a lição daquele senhor.

Chegando ao trabalho, vi a nossa colega da limpeza com uma pá percorrendo a calçada, no entorno dos carros, limpando os cocos que os cachorros deixam a noite ali. Estava ela pensando que, se alguém pisasse e entrasse na escola, poderia sujar tudo e ela ter mais trabalho pra limpar. Sim, pensou primeiro em si. Mas, de qualquer forma, fez a boa ação porque se a pessoa pisasse na saída ela não teria o trabalho, mas a pessoa que levasse o coco no sapato sim. Segunda lição do dia.

Não importa que tipo de boa ação você fará aos outros ou a si mesmo, desde que seja verdadeira e mude seu dia e o de outras pessoas para melhor. Faça. Não espere grandes transformações, não espere momentos certos para que você modifique seu cotidiano para melhor. A boa ação está onde a gente quiser. A lição, claro, não é tão simples quanto fiz parecer. Mas o que é a vida senão grandes aprendizados em pequenas e duras lições?!

segunda-feira, julho 02, 2018

O bom dia de todo dia


Quantos de nós já pararam para pensar na importância de um cumprimento de bom dia? Esta semana parei pra pensar nisso. Todos os dias, há mais de um ano, eu faço o trajeto a pé de casa para o meu trabalho pela manhã. O trajeto é relativamente curto, mas dá pra observar muitas coisas nesse simples percurso matinal. Observo a natureza, os pássaros, as pessoas e a própria cidade.

Passo pelos mesmos carros que seguem para levar os filhos à escola e à creche perto de casa. Os mesmos pais com filhos que de bicicleta ou a pé percorrem vários metros ou até quilômetros para garantir uma ida segura dos filhos à escola. Tem o pai e a mãe que levam os filhos pequenos de carroça, o que me faz sempre pensar que são dignos de todo o nosso respeito porque superam preconceitos todos os dias. Há ainda aquelas crianças e jovens que passam por mim indiferentes. Uns por não me conhecerem, outros porque já se acham grandes demais para cumprimentar aquela escritora de livrinhos infantis que doou seu livro a eles quando pequenos. Sim, tem outros jovens que me cumprimentam: uns por respeito, outros porque me conhecem, outros porque talvez ainda lembrem do meu incentivo quando jogavam futebol com meus filhos.

Mas, nesse trajeto de casa para o trabalho, todos os dias (e que não leva mais de 10 a 15 minuto), passo por três pessoas todos os dias, três mulheres bem diferentes uma das outras, e que são elas que me levam a esta reflexão. Passo por elas quase todos os dias, e talvez por isso nos acostumamos a dizer bom dia umas para as outras. As três vêm em sentido contrário ao meu, às vezes pela mesma “calçada”, outras vezes por lados diferentes da rua. Mas, nunca, deixamos de dar bom dia. Hoje, especialmente, só encontrei duas delas. E isso me trouxe a reflexão.

 Não conheço essas mulheres e talvez elas também não façam ideia de quem sou. Não sei o nome, de onde vieram, onde moram, o que passam no dia a dia. Sei que trabalham em fábricas de peixe porque já vi entrarem para trabalhar. Uma delas eu sei que têm filhos, porque por vezes eles vão junto com a mãe até parte do caminho para a escola, ao lado da minha casa. Mas, não sei seus sentimentos, não sei o que significa a elas esse bom dia de cada dia. E o que significa pra mim, afinal? Cabe uma reflexão maior sobre isso, afinal, dizer bom dia às pessoas não deve ser só um sinal de respeito, de boa educação. O bom dia de cada dia deveria levar consigo toda uma energia boa, todo um desejo de que aquele dia seja um dia bom, verdadeiramente, para cada um de nós.

Não sei o que elas sentem com meu bom dia. Nunca perguntei e talvez nunca tenha a chance de perguntar. Eu sei que, quando não as encontro pela manhã, o dia parece que falta algo. Falta o bom dia dado e retribuído a essas mulheres lutadoras como eu, mas que têm o bom dia e o sorriso nos lábios todos os dias para retribuir. Bom dia!