quarta-feira, novembro 20, 2019

A poderosa arte de benzer

Hoje foi dia de Encontro de Benzedeiras na cidade. Um momento pra lá de especial que me fez refletir sobre muitas coisas. Uma delas eh: o que separam benzedeiras, curandeiros indígenas, passistas espiritas, reikianos, massagistas, pastores que ungem e padres que benzem? A resposta pode parecer simples: as crenças religiosas.
Todos, na verdade, que fazem a "cura" pela mãos empregam doses de amor, fé e muita caridade, ainda que alguns cobrem por isso. Pois bem. Não há diferenças essenciais. As diferenças estão na cabeça de cada um e na forma como usam seus conhecimentos. As benzedeiras se valem da cultura popular oral, que passam de pai pra filho ou pela observação de alguém próximo, ainda que eu ache que todos tem dons especiais para.isso. Os pastores e padres se empoderam da crença de que estão de posse do poder do espírito santo para sarar os fiéis ou "exorcizar" os " demônios". Os passistas espiritas ou os pais e mães de santo umbandistas usam suas mediunidades para contribui com a cura, com ajuda de guias e mestres do plano astral. Já reikianos, acumpunturistas, massagistas  e os demais terapeutas holisticos buscam conhecimento em livros, estudos e muita ciência. Ainda que a religiosidade possa andar, e ande, de mãos dados com as técnicas comprovadas cientificamente.
A cura proporcionada, na verdade, eh fruto da fé, do merecimento e de algo que eh fundamental para todos: o amor pelo que fazem. 
O amor cura tudo e independe de religião.  Se tua fé religiosa exclui o amor, independente de como ele venha vestido, cantado ou "aplicado", pode não ser uma fé amorosa e portanto, pouco efeito terá.
O amor é o que transmuta todas as energias. Ele é que tem poder de curar. Quando me perguntaram se eu já tinha me benzido, disse que não. Mas, na verdade, me benzi no momento que conversei e acolhi ao meu lado a benzedeira do interior, quando a abracei e senti todo seu amor pelo que faz. Fui benzida no momento que encontrei e abracei com amor e boas energias, hj na rua, uma amiga que só vejo pelo Facebook, mas que me eh cara e por quem tenho imenso respeito. O amor nos protege, nos alivia, nos ampara. O amor nos cura as feridas. Se ele vem com uma dose de boas energias, espiritualidade e fé das benzedeiras ainda melhor!! Mas não é só o que há.
Outra reflexão eh que sempre comentei (hj mesmo antes do encontro falei isso) que as benzedeiras estão morrendo e não estão passando seus legados de fé e conhecimento oral para as novas gerações. Mas, hoje, eu percebi que estou enganada. As novas benzedeiras e curandeiras estão aí, ao nosso lado, mas como tudo na vida moderna sofreram mudanças na forma como se apresentam. Podem não ter o galho de arruda, a caneta, o terço ou qualquer outro objeto na mão, podem não falar as frases feitas, as rezas antigas, não ter a sabedoria do passado. Mas estão aí: misturando ciência e religião em busca da cura, da transmutação de energias para o bem! São as benzedeiras do futuro, dançando, impondo as mãos, cantando ou amando de outras formas, com outros gestos, com outras falas. As de antes, vão estar sempre registradas na memória e agora quem sabe em livros e vídeos. As de agora, estão nomeadas de muitos nomes, em muitos lugares. Vida longa às benzedeiras e aos benzedores, os de ontem e os de hoje! 

Nenhum comentário: